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Agronegócio brasileiro é fortemente afetado pela falta de containers e fretes altos

Custo médio do frete marítimo aumentou e fez com que empresas deixem de exportar

Autor: Flávia VianaFonte: Conversion

A pandemia trouxe uma série de problemas aos negócios, e muitos deles ainda permanecem, mesmo com o avanço do calendário de vacinação. Foi o caso do agronegócio: com o impacto do vírus, as empresas de transporte marítimo mudaram rotas e cancelaram escalas de navios, assim como foi feito no setor aéreo. Os transportadores marítimos suspenderam linhas deficitárias e aproveitaram para antecipar docagens obrigatórias das embarcações. A consequência de tudo isso foi a redução da quantidade de navios contêineres em atividade.

Até aí, você pode se perguntar: o que tudo isso tem a ver com transporte e agronegócio? Bem, a recuperação econômica de forma desigual no mundo também está interferindo na movimentação de contêineres e no preço do frete marítimo. Diversas empresas tiveram o supply chain interrompido por faltas de navio e de contêineres no mercado, o que desestabilizou todo o comércio global. Afinal, o transporte marítimo representa mais de 90% do comércio internacional, segundo dados da Organização Marítima Internacional (OMI), o que também prejudica o comércio feito no Brasil.

Ou seja, embora o país esteja batendo recordes de faturamento nas vendas ao exterior, a sensação do setor é de que os números poderiam ser ainda melhores que o esperado.

O contexto do agronegócio em 2021

Em julho, de acordo com os dados do Ministério da Agricultura, as exportações do agronegócio alcançaram a marca de US$ 11,3 bilhões, 15,8% a mais que no mesmo mês de 2020 – os embarques nunca haviam passado de US$ 10 bilhões no mês estudado. O grande problema é que esse crescimento refletiu no aumento de preços dos produtos exportados, uma vez que o volume das exportações caiu 9,9%.

A indústria da carne, por outro lado, tem obtido das exportações o alívio necessário para manter as operações em 2021. Devido à forte demanda da China por carne bovina e suína, o país contribuiu para volumes recordes de exportação nos últimos meses, o que levou a uma alta acumulada de 5,3% nos embarques brasileiros até junho deste ano, com 3,75 milhões de toneladas, como mostram os dados da Associação dos Exportadores de Carnes (Abiec).

E, embora o cenário esteja bem, mesmo com as adversidades, há uma preocupação oculta que tem “dado as caras” nos últimos meses. Os altos números positivos escondem uma crise no transporte marítimo internacional, que depende de contêineres refrigerados – área mais afetada pela crise logística global.

O impacto da pandemia no transporte marítimo

Entender o motivo pelo qual a crise logística ocorre parece ser mais complexo do que realmente é. No caso específico do agronegócio, principalmente da exportação de carne, um dos maiores agravantes é que navios estão parados em quarentena para evitar a transmissão da Covid-19 ou aguardam a vez para atracar em portos, sobretudo da Ásia. Esse atraso tem como consequência o vencimento de produtos sensíveis durante a espera para embarque, sendo substituídos de última hora por produtos novos, o que aumenta, portanto, o custo.

Todo esse atraso leva o transporte marítimo a casos extremos. Muitas empresas receptoras dos produtos, especialmente de pequeno e médio porte, deixam contêineres parados nos portos, seja porque estavam fechadas e não tinham como receber a mercadoria, ou então porque não possuíam recursos financeiros para pagar pelos impostos excedentes. E isso ocorreu também com os recursos do agronegócio para exportadores.

Um aumento total no valor dos produtos transportados

Um levantamento recente, feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 128 empresas, mostra que, a depender da rota, o preço do transporte nos portos subiu até cinco vezes – de US$ 2 mil para US$ 10 mil por contêiner. Essa diferença fica evidente quando se compara o preço ano a ano: o preço médio para aquisição de um contêiner atualmente é de US$ 7 mil a US$ 8 mil, mas, no mesmo período de 2020, um contêiner não ultrapassava o custo de US$ 1,8 mil. E, junto ao alto valor da logística, aumentou também o custo do frete marítimo, em razão do alto preço do diesel e do gás, necessários para movimentar os navios por grandes distâncias.

Embora o agronegócio tenha sido um dos mais afetados por esse trajeto, é importante ressaltar que o comércio marítimo movimenta todos os tipos de produtos, eletrodomésticos, móveis e vestuário de todos os tipos, inclusive importações, como os tão famosos tênis adidas masculinos.

Assim, esse aumento total no comércio marítimo também afeta outras áreas do comércio que, em breve, também anunciarão o impacto.